sábado, 2 de fevereiro de 2013

Receitas futuras?

Matéria publicada na edição de ontem (1º de fevereiro) do Jornal Brasil Econômico.

"Uma negociação entre a diretoria do Jockey Club de São Paulo e a empresa XYZ Live pode ser o início de um processo que dará um pouco mais de rentabilidade à gigantesca estrutura às margens da marginal Pinheiros. O local, símbolo da classe alta paulistana, amarga dívidas pesadas com a prefeitura, que somam cerca de R$ 400 milhões.
A presidência do Jockey não confirma nem desmente a negociação. Procurada, declarou por meio de assessoria que não falaria sobre o assunto. Bazinho Ferraz, presidente da XYZ Live, afirmou que existe uma conversa entre a empresa e o Jockey, mas que ainda não há nada definido. “Fizemos uma proposta para arrendar uma área, mas não há nada concreto.”
AgNews
A cantora Katy Perry durante sua apresentação na Chácara do Jockey Clube, em São Paulo

Segundo o executivo, o local de interesse é uma área diferente de onde são feitos os shows. Com forte estratégia de expansão, a companhia se prepara, no próprio Jockey Club, para promover o show de Elton John, em fevereiro, além de ter anunciado a vinda da banda The Cure, também no espaço.
Uma fonte ligada ao Jockey e que preferiu não se identificar, confirmou ao BRASIL ECONÔMICO, que há uma negociação aberta entre a entidade e a XYZ. “O local em questão é uma área próxima do estacionamento dos eucaliptos, onde a empresa pretende manter uma tenda fixa, para eventos”, diz.
De acordo com a fonte, um ponto delicado da negociação seria o fato de a XYZ querer exclusividade na realização de eventos no local, algo que não seria de interesse do Jockey. “Os eventos são uma das principais fontes de receita de lá”, disse. Atualmente, a empresa que quiser usar o local para fazer um show, desembolsa cerca de R$ 1 milhão. A procura é grande. Em 2012 shows e festivais como o Lollapalooza, promovido pela GEO Eventos, movimentaram as pistas. Este ano, o evento volta a se repetir no mesmo local.
O valor arrecadado com os eventos vem ajudando a entidade a manter a estrutura, que sofre com problemas hidráulicos e de energia, áreas abandonadas, além da dívida milionária. “O IPTU do Jockey é de R$ 7,5 milhões por ano, enquanto muitos clubes da cidade têm isenção”, explica outra fonte. Segundo ela, o dinheiro das apostas é insuficiente para manter a contabilidade do Jockey no azul, já que do total de apostas, a entidade fica com 30%, valor que é utilizado para pagar os prêmios das corridas, além das despesas com funcionários, luz e água. “Antigamente o turfe era a principal fonte de receita, mas hoje é diferente.”
Em 2010, a adminstração anterior bem que tentou comercializar algumas áreas pouco usadas, mas um grupo de 12 sócios contrário à venda entrou na justiça apontando irregularidades no processo de licitação. O processo culminou com o tombamento de toda a área do hipódromo Cidade Jardim. Atualmente, locais como as baias e até a chácara do Jockey, em Taboão da Serra, alternam períodos em que são realizados eventos com o abandono.

Entidade quer “popularizar” as corridas
Historicamente conhecido como um local exclusivo para a alta sociedade, o Jockey Club vem buscando alternativas para popularizar as corridas de cavalos e também as apostas. Uma fonte que preferiu não revelar seu nome afirmou que o clube tem alguns projetos para incentivar a adesão de novos sócios. “Muitas pessoas acham que o esporte é caro e inacessível, mas não é”, diz.
A fonte revela ainda que a entidade vem mantendo conversas com empresas internacionais, especializadas na gestão de apostas. Com isso, seria possível traçar uma estratégia para os eventos, incluindo ações de marketing, o que tornaria os páreos mais atrativos, ajudaria a aumentar o volume de apostas e consequentemente, ampliaria o lucro também.
Com isso, seria possível atrair um número maior de pessoas para as corridas, inclusive pessoas que ainda não conhecem o esporte. “Poucos sabem que o Jockey é um espaço aberto ao público, as pessoas podem acompanhar as corridas”.
No passado, o Jockey realizou um evento para investidores da Bolsa, a fim de apresentar o esporte a mais pessoas. “Deu resultado, mas não conforme o esperado. Muitos profissionais liberais vem investindo nas atividades equestres, porque se identificam com o estilo de vida que ele representa”, explica uma fonte ligada à área.
Outra medida estudada pela administração da entidade é a melhora da infraestrutura da área social - composta por campos de futebol, quadras de tênis, sauna e piscinas, a fim de atrair maior volume de frequentadores."

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