quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

OPINIÃO: Um turfe que não oferece carreiras não se desenvolve


O Cristal abre e fecha nesta quinta-feira (20/2) a semana turfística em hipódromos nacionais — pelo menos entre os clubes que realizam corridas em um sistema interligado de apostas em todo o país. Serão oito páreos, com início às 14h45, com destaque para duas provas clássicas regionais destinadas a potros e potrancas de 2 anos. Parece inacreditável, mas a diretoria do Jockey Club do Rio Grande do Sul merece os parabéns por promover carreiras, o que nada mais é do que a obrigação.  Afinal, vem aí uma pausa forçada nas carreiras nos principais clubes de corridas do país. Durante o carnaval, nenhum páreo será realizado nos principais hipódromos do país.

Os clubes hípicos de São Paulo e do Paraná têm boas desculpas. Na capital paulista, um grande evento será realizado nas dependências de Cidade Jardim. E a gestão tem se esforçado em oferecer duas programações quando precisa ficar uma semana sem dar corridas. Foi o caso dos fins de semana de 1º/2 e 15/16 de fevereiro. Em Curitiba, o Tarumã não tem realizado corridas aos sábados e domingos. E marcou para a quinta-feira da semana que vem (27/2), a sua reunião quinzenal.

E na Gávea? Qual a explicação para não ter carreiras? Em um intervalo de dois meses, é a segunda vez que o hipódromo mais forte do Brasil fica sem promover corridas por mais de 10 dias (o JCB não realizou programação na semana anterior ao réveillon). Não é preciso pensar muito para perceber que alguma coisa está errada. Afinal, como um turfe que não realiza carreiras consegue se desenvolver? Qual o estímulo existe para a criação, para proprietários e para os profissionais?

Desculpas, existem mil. Em grupos de WhatsApp, há gente que diz que o trânsito fica infernal no Rio de Janeiro no período de folia. Mas não foi sempre assim? Como as corridas foram realizadas nos anos anteriores? Um bom administrador é aquele que consegue se antecipar aos problemas e resolvê-los. Deixar de dar corridas é a decisão mais cômoda, a mais simples possível.

O turfe no Brasil vive um momento crucial. Cada vez menos animais, cada vez menos turfistas, cada vez menos páreos. O Movimento Geral de Apostas na Gávea despencou. E deixar de dar corridas só faz piorar o cenário. Profissionais de turfe e proprietários reclamam das baixas premiações. Se o valor é pouco, imagina não receber nenhum. A mola deixa de girar e mais gente se afasta da atividade e vai tentar a vida em outro lugar.  A verdade é que não oferecer corridas é a forma mais fácil de se manter o caixa do clube em dia. Com apostas em baixa, as reuniões são deficitárias. Mas, e como fica a atividade?

Como estão os planos para a melhoria da atividade? Vai ficar nesta pasmaceira? Em 23 de outubro, o JCB anunciou mudanças nas apostas e medidas que gerariam mais comodidade ao apostador. Um deles foi a extinta seguidinha — sem esquecer que a bonificação da Supertri baixou para 80% e nunca mais se falou nisto.

Para março de 2020, existiam duas promessas. Uma era a Pedra Única Nacional. Em que pé está? Vai sair ou não? A outra era a utilização do ITSP HOST, protocolo internacional que permite às corridas do hipódromo da Gávea receber em em sua pedra local as apostas geradas nos EUA. Ou seja, o dinheiro jogado no exterior em vencedor, placê, exata, trifeta e quadrifeta entraria na totalização nacional. A pergunta é a mesma: em que pé está? Vai sair ou não? O silêncio não é um bom sinal.

2 comentários:

  1. O Carnaval não deveria ser motivo para a falta de carreiras, mas sim para se ter as carreiras.
    Por que não ter um baile matinê nas dependências do clube enquanto as carreiras acontecem?
    A festa popular devia se encontrar com o esporte dos reis e alegrar a todos, mas não ter carreiras é muito mais prático.
    Uma pena!

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  2. E a Supertri? Quando volta a 100%? Desde que a bonificação foi reduzida o MGA teve uma queda de cerca de 20%. Será que ninguém está vendo?

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